26/10/2020 às 21h10min - Atualizada em 26/10/2020 às 21h14min

Estudo demonstra que Lava Jato foi plataforma ideológica da extrema direita

Para pesquisador, retórica da força-tarefa de perseguição de inimigos do povo é consistente com a ideia de que há alguém capaz de proteger o país de uma ameaça - “no caso de Bolsonaro, a ameaça do crime ou do comunismo”.

Revista Consultor Jurídico no site: www.conjur.com.br.

Com o discurso de combater a corrupção, a autoproclamada operação “lava jato”, consórcio formado a partir da 13ª Vara Federal de Curitiba, enfraqueceu a democracia e o Estado de direito e reproduziu estratégias adotadas por populistas e líderes iliberais, que buscam minar as instituições em benefício próprio. Esse discurso, potencializado pela imprensa, ganhou as ruas e acabou por favorecer a eleição de Jair Bolsonaro (Sem Partido).

A análise é de Fabio de Sá e Silva, professor de estudos brasileiros na University of Oklahoma, nos Estados Unidos, a partir de pesquisa que codificou 194 entrevistas concedidas por membros da “lava jato” e pelo ex-juiz Sergio Moro de janeiro de 2014 a dezembro de 2018, somando mais de mil páginas de conteúdo. O estudo foi publicado no último dia 10/10 no Journal of Law and Society.

Em entrevista à DW Brasil, Sá e Silva afirma que as entrevistas indicam que os operadores tinham uma “gramática política” estruturada, que incluía pressionar pela mudança de normas em benefício da própria força-tarefa, classificar os que resistiam a alterações como inimigos do povo e contornar a lei quando necessário para alcançar objetivos políticos.

Para ele, a retórica dos integrantes indica que eles “estão muito mais próximos da ideia de identificação e perseguição do inimigo do que propriamente da contenção de arbitrariedade no exercício do poder, que é a chave do liberalismo”.

O professor da University of Oklahoma identifica na força-tarefa um discurso iliberal, conceito aplicado a líderes que enfraquecem as instituições e regras que garantem a limitação do exercício de seu poder, e aponta ser “difícil negar que a luta anticorrupção serviu como plataforma para a extrema direita no Brasil”.

Clique aqui para ler a entrevista.

Clique aqui para ler o estudo.


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