14/09/2020 às 13h09min - Atualizada em 14/09/2020 às 13h09min

Mortalidade de bebês negros cai pela metade quando tratados por médicos negros

Estudo realizado nos Estados Unidos mostrou também que as crianças negras morrem três vezes mais do que as brancas durante a internação inicial.

Um estudo publicado pela National Academy of Sciences revelou que, nos Estados Unidos, recém-nascidos negros têm maior chance de sobrevivência quando atendidos por médicos da mesma raça. De acordo com o trabalho, conduzido por pesquisadores de três universidades norte-americanas, os bebês negros morrem três vezes mais do que bebês brancos durante a internação inicial. Porém, quando atendidos por médicos negros, sua taxa de mortalidade cai à metade. Já com os bebês brancos não existe diferença de mortalidade relacionada à raça do médico responsável.

“Esta é a primeira evidência do efeito da concordância racial entre médico e paciente na diferença de mortalidade entre negros e brancos. À medida que buscamos fechar lacunas raciais persistentes para a questão do nascimento, essa descoberta é bastante importante”, afirma a coautora do estudo Rachel Hardeman, professora especializada em saúde pública e equidade racial da Universidade de Minnesota.

O estudo, no entanto, não indicou as razões pelas quais a raça atribuída ao médico estaria influenciando na diferença de mortalidade entre bebês negros e brancos. Segundo os pesquisadores, qualquer conclusão no momento seria meramente especulativa, mas é possível que questões como a maior identificação entre médicos e pacientes negros, o que facilitaria inclusive a comunicação com as mães, estejam entre as causas. Por isso, os autores alertam que pesquisas futuras sobre este tópico são fundamentais para avançar nos esforços contra a disparidade racial na prestação de cuidados de saúde.

“Há um ambiente de explicações possíveis. O próximo passo é, por meio de observações, descobrir as razões para tal diferença”, afirma Brad Greenwood, da Universidade George Mason, também coautor do estudo.

Para a realização da análise, equipes de pesquisadores das universidades de Minnesota, Harvard e George Mason examinaram, ao longo de 23 anos (entre 1992 e 2015), 1,8 milhão de nascimentos hospitalares no estado da Flórida, identificando a raça do médico em cada um dos casos.

Um outro ponto destacado pelos autores é a necessidade de aumento da diversidade na força de trabalho médica. Enquanto nos Estados Unidos cerca de 13% da população é negra, apenas 5% dos médicos são da mesma raça, segundo a Associação de Faculdades de Medicina Americana. Atualmente, nos Estados Unidos, bebês negros com menos de um ano morreram duas vezes mais que bebês brancos, asiáticos ou hispânicos, de acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças.


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