A necessidade do afastamento social causada pela pandemia de Covid-19 fez com que o uso da internet aumentasse em mais de 40% no Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Desde necessidades formais, como teleaulas, home office e reuniões de negócios por videoconferência, como o uso por puro lazer, com horas gastas em redes sociais, séries e lives, o “boom” na internet proporciona uma efeito colateral muito indesejado: o aumento dos ataques de ciberpiratas e crimes cibernéticos.
Dados indicam que, apenas no primeiro semestre, foram registrados no Brasil mais de 2,6 bilhões de ataques cibernéticos, que vão desde a invasão a e-mails até a ameaça a grandes empresas.
Negrão dedica um capítulo exclusivo em seu livro para falar sobre terrorismo e espionagem digital. De acordo com o autor, um fator preponderante é a Engenharia Social existente na rede, visto que muitas pessoas expõem informações vitais que podem ser usadas em ataques.
“Um dos trabalhos mais bem executados por hackers é a garimpagem de dados. E as pessoas não se dão conta do quanto de informação sigilosa elas disponibilizam em telefones, redes sociais e até mesmo no ambiente corporativo”, diz Eduardo Negrão.
Assim, tão importante como investir em sistemas de segurança para evitar o ataque direto de ciberpiratas, as empresas precisam instruir seus funcionários a terem cuidado com sua “engenharia social” para uma segurança efetiva. Um funcionário, por exemplo, que comece a trabalhar em home office deve se precaver com o uso de sua rede local, trocando senhas, limitando o acesso e usando bons antivírus.
Outro ponto importante levantado por Eduardo Negrão é a necessidade de potencialização de órgãos federativos especializados em cibersegurança e ataques virtuais, tratando o assunto, como o próprio autor diz em seu livro, como terrorismo. No Brasil existe o Serviço de Repressão a Crimes Cibernéticos (SRCC) da Polícia Federal, porém ainda são poucos profissionais para cobrir uma gama imensa de infrações, desde pornografia infantil até fraudes bancárias.
“Precisamos de uma instituição como a britânica Nacional Crime Agency (NCA) concebida para combater única e exclusivamente crimes cibernéticos. Não dá para um agente confrontar hackers pela manhã e sair armado atrás de criminosos no período da tarde”, esclarece Eduardo Negrão.
“Sempre que as autoridades se deparam com novos problemas ou dilemas complexos, se cria uma nova legislação, tentando resolver um problema social, econômico ou criminológico por decreto. Não funcionou no passado e nem funcionará no futuro”, conclui.