25/08/2020 às 11h03min - Atualizada em 25/08/2020 às 11h03min

O Estado de S. Paulo: Bolsonaro recorre à selvageria porque não tem resposta para seus crimes

Em editorial, o jornal lembra que o desvio de salários de servidores públicos para pagar gastos pessoais da família caracteriza uma série de infrações, tais como peculato, concussão e improbidade administrativa.

O jornal O Estado de S.Paulo, afirma, em editorial, que Jair Bolsonaro (Sem Partido) se torna selvagem porque não tem resposta para seus escândalos de corrupção.

“Não é nada fácil ser moderado quando se é Jair Bolsonaro. Para quem fez carreira política na base da ofensa explícita a adversários e ao decoro, interpretar um personagem discreto e ponderado como o que o presidente incorporou nas últimas semanas deve demandar um esforço quase sobre-humano. Mas a natureza, cedo ou tarde, se manifesta, e o presidente Bolsonaro voltou a ser quem sempre foi, ao dizer a um jornalista, no domingo passado, que estava com ‘vontade de encher a tua boca com uma porrada’. Tudo porque o repórter lhe havia feito uma pergunta incômoda”, aponta o texto.

“Que pergunta foi essa, afinal, que causou reação tão truculenta de um presidente que, conforme a crônica política de Brasília, havia se metamorfoseado em democrata de uns dias para cá? O repórter, do jornal O Globo, perguntara a Bolsonaro que explicação ele tinha para os depósitos de R$ 89 mil em cheques na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, feitos por Fabrício Queiroz e pela mulher deste, Marcia Aguiar. Fabrício Queiroz, como se sabe, é o pivô do escândalo da ‘rachadinha’. Além de sua flagrante imoralidade, tal conduta caracteriza uma série de infrações, tais como peculato, concussão e improbidade administrativa”, aponta ainda o texto.

“Bolsonaro escolheu ofender os repórteres que o questionam a respeito desses negócios esquisitos - ainda ontem, voltou a atacar jornalistas, chamando-os de ‘bundões’ (covardes, no dialeto dos valentões). Se tivesse uma boa explicação, o presidente certamente já a teria dado, sem recorrer à selvageria. Como aparentemente não tem, faz o que sabe fazer melhor: parte para a intimidação. É inútil, pois a pergunta incômoda continuará a ser feita, até que haja uma resposta convincente - dada ou pelo presidente ou pela Justiça”, finaliza o editorialista.


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