21/08/2020 às 12h27min - Atualizada em 21/08/2020 às 12h27min

OMS alerta que cerca de 10% dos jovens brasileiros sofrem de distúrbios alimentares

As pessoas com o Transtorno Compulsivo Alimentar (TCA) não conseguem parar de comer mesmo tendo a sensação de saciedade e desconforto abdominal, e é normal que ela prefira comer sozinha, pois sentem vergonha da falta de controle durante os episódios de compulsão.

Valeska Bassan, psicóloga e coordenadora do AMBULIM

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 4,7% dos brasileiros sofre de distúrbios alimentares, no entanto, na adolescência, esse índice chega até a 10%. A psicóloga e coordenadora do AMBULIM na USP, Valeska Bassan, comenta que nesse período da vida as pessoas passam por muitas mudanças hormonais que afetam diretamente o corpo, gerando insegurança e a busca por um padrão de beleza que na maioria das vezes é inalcançável.

“Um dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento dos Transtornos Alimentares são as dietas restritivas que podem agravar o quadro de obesidade pelo chamado efeito rebote, você se torna um obcecado por comida, pensa nisso o tempo todo. E para chegar a esse objetivo é bastante comum os jovens fazerem loucuras para estar com o ‘corpo ideal’”, explica.

De acordo com Valeska, as redes sociais tem um papel importante no desencadeamento dos transtornos, uma vez que muitos influenciadores supervalorizam a magreza e o corpo perfeito, tornando-se um gatilho para esses seguidores. “Não existe uma causa específica para os transtornos, é uma combinação de fatores que variam caso a caso e afeta outros aspectos da vida do paciente”. Muitos deles, especialmente os adolescentes, apresentam resistência em reconhecer o quadro de compulsão, por isso, é fundamental que os pais fiquem atentos e ajam o mais rápido possível.

Embora a distorção de imagem afete mais mulheres do que homens, eles não estão isentos disso. A bulimia e a anorexia são transtornos em que essa característica está bastante presente. A nossa percepção de imagem se desenvolve na medida em que crescemos, na infância e adolescência, começamos a receber observações de membros da família, treinadores, amigos e namorados. Alguns traços de temperamento como o perfeccionismo e a autocrítica também podem influenciar para o desenvolvimento de uma autoimagem corporal negativa, e como consequência disso, os transtornos alimentares.

Características dos Transtornos Alimentares

As pessoas com o Transtorno Compulsivo Alimentar (TCA) não conseguem parar de comer mesmo tendo a sensação de saciedade e desconforto abdominal, e é normal que ela prefira comer sozinha, pois sentem vergonha da falta de controle durante os episódios de compulsão. A especialista ressalta que o TCA é diferente da anorexia ou bulimia nervosa. “No primeiro caso a pessoa para de comer, e no segundo a culpa pela compulsão resulta em comportamentos compensatórios, como indução dos vômitos e/ ou excesso de exercício. Todos tem tratamento”, diz.

É um mito achar que a doença está limitada a pessoas obesas, podendo ocorrer em pessoas com um peso adequado e comenta que existem sintomas que merecem atenção. Comer escondido, sentir-se culpado após as refeições, sensação de inadequação junto à sociedade e tentativas fracassadas de dieta são sinais que devem ser levados em conta sempre.


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