21/08/2020 às 00h07min - Atualizada em 21/08/2020 às 00h07min

Prisão de Bannon põe em xeque discurso de moralidade da extrema direita

“A prisão e o processo contra ele mostram que a extrema direita cultua um discurso falacioso de moralidade, de combate à corrupção, e não passa de estratégia discursiva”, diz Sérgio Amadeu, professor da UFABC.

A prisão do ex-assessor político Steve Bannon, estrategista da campanha de Donald Trump de 2016, nesta quinta-feira (20), representa “o início de um desmascaramento dos ideólogos que se colocavam contra o sistema”. “A prisão e o processo contra ele mostram que a extrema direita cultua um discurso falacioso de moralidade, de combate à corrupção, e não passa de estratégia discursiva”, diz Sérgio Amadeu, professor associado da Universidade Federal do ABC (UFABC).

“Na prática, ele (Bannon) cultua valores do grande capital, do lucro e do dinheiro acima de tudo”. Amadeu lembra que o estrategista dirigiu uma operação antiética por meio da qual cerca de 300 mil pessoas, só no Brasil, tiveram seus perfis analisados pela Cambridge Analytica. A consultoria de dados teve Bannon como executivo, e é acusada de ter interferido em vários processos políticos no mundo. A estratégia é idêntica em todos eles, com tecnologias de disseminação de desinformação e notícias falsas altamente sofisticadas.

Ele foi preso sob a acusação de fraude financeira na campanha virtual de doações para construção de um muro separando Estados Unidos e México, prometido por Trump na disputa eleitoral com a democrata Hillary Clinton, em 2016.

Após pagar fiança de US$ 5 milhões, Steve Bannon foi libertado e afirmou à justiça americana que é inocente das acusações de fraude e lavagem de dinheiro.

Como organizador de redes de manipulação de informação, de desinformação e de fake news, Bannon teria alavancado a vitória do presidente dos Estados Unidos e o Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia). Considera-se que ele foi um “consultor informal” da campanha de Jair Bolsonaro (Sem Partido) à presidência do Brasil. É próximo do clã presidencial e foi fotografado inúmeras vezes com membros da família.

Amadeu defende a necessidade de a Justiça brasileira e o Ministério Público (MP) apurarem qual foi a participação de Bannon e seus métodos na eleição de 2018. “Ele pode ter cometido crime, se interferiu com seus métodos durante o processo eleitoral”.

A suspeita do Departamento de Justiça dos Estados Unidos é de que a campanha We Built That Wall (“Nós Construímos o Muro”) foi na verdade utilizada para lavar dinheiro de doadores.


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