07/08/2020 às 12h17min - Atualizada em 07/08/2020 às 12h17min

Rússia vai conceder registro para 1ª vacina contra Covid-19 na próxima semana

Programa nacional russo de vacinação em massa está previsto para começar em outubro. Velocidade dos ensaios clínicos e falta de transparência para divulgar resultados geram questionamentos.

A Rússia irá conceder o registro para a primeira vacina contra a Covid-19 em 12 de agosto. O anúncio foi feito pelo vice-ministro da Saúde do país, Oleg Gridnev. Médicos e idosos terão prioridade na imunização.

Na semana passada, o ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko, anunciou que o programa do governo de vacinação em massa está previsto para começar em outubro. Porém, a velocidade dos ensaios clínicos e a falta de transparência para divulgar os resultados geram questionamentos de especialistas.

O Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia, o Instituto Gamaleya, está trabalhando em uma vacina baseada em adenovírus.

“O registro da vacina desenvolvida no Gamaleya Center ocorrerá em 12 de agosto. Agora, o último estágio, o terceiro, está em andamento. Esta parte do teste é extremamente importante. Temos que entender que a vacina em si deve ser segura”, disse Gridnev a jornalistas nesta sexta-feira (7).

A fase três é a última das etapas de aprovação de uma vacina, e também a mais decisiva, pois é quando se produzem as evidências reais sobre o seu uso contínuo. É somente depois desta prova, em um número maior de participantes, que uma vacina pode ou não ser licenciada e liberada para a comercialização.

A comunidade internacional vê com ressalvas essa vacina russa, pois existe o temor que os ensaios clínicos tenham sido insuficientes. Como a Rússia não publicou nenhum estudo ou dado científico sobre os testes que realizou, a sua eficiência é colocada sob suspeita.

Não se conhece os detalhes sobre as fases do processo que geralmente devem ser cumpridas antes de se aprovar e lançar no mercado uma vacina.

Em abril, o presidente russo, Vladimir Putin, instruiu o governo a tomar decisões destinadas a simplificar e encurtar o prazo para os ensaios clínicos e pré-clínicos.

Em maio, a Associação de Organizadores de Pesquisas Clínicas criticou a Rússia logo que se descobriu que os cientistas do Instituto Gamaleya haviam se inoculado com algumas doses quando a vacina ainda estava em fase de testes em animais, como relatou a BBC.

No entanto, o diretor do Instituto, Alexander Gintsburg, explicou que alguns pesquisadores tomaram um medicamento experimental “para continuar desenvolvendo [a vacina] sem riscos de infecção durante a pandemia”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 164 vacinas estão em diferentes fases de estudo e ao menos nove países já testam vacinas em humanos. Apenas cinco delas estão na Fase 3, como o governo russo afirma que a sua vacina está.

Considerada uma das mais promissoras, a britânica desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca mostrou-se capaz de induzir a resposta imune tanto por anticorpos como por células T (células do sistema imune capazes de identificar e destruir outras células infectadas) nas fases iniciais. Ela está sendo testada com voluntários, inclusive no Brasil.

Outras vacinas que se destacaram:

  • Sinovac (China)
  • Instituto Biológico de Wuhan/Sinopharm (China)
  • Instituto Biológico de Pequim/Sinopharm (China)
  • Moderna/NIAID (EUA)

Recentemente, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o governo russo procurou o governo de São Paulo para se associarem na produção da vacina.

Uma representante do governo estadual do Paraná esteve com o embaixador russo para discutir uma possível parceria e ofereceu a estrutura do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para a produção. Os envolvidos ainda não chegaram a um acordo.


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