16/06/2020 às 11h06min - Atualizada em 16/06/2020 às 11h06min

Procurador diz que há “fortes indícios” de lavagem de dinheiro em bens de Flávio Bolsonaro

Procurador da República Sérgio Pinel disse ver "fortes indícios" de que Flávio Bolsonaro usou imóveis para lavagem de dinheiro. Quantia desviada foi superior a R$ 2 milhões, de acordo com o MP-RJ.

O procurador da República Sérgio Pinel afirmou ter encontrado “fortes indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro” envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). Pinel manifestou sua posição à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF), pedindo que o caso seja transferido para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) por entender que os supostos ilícitos encontrados não se configuram em crimes federais.

O MP do Rio investiga o possível esquema de rachadinha no antigo gabinete de Flávio na Alerj desde 2018 e já disse ter encontrado indícios de que o senador lavou R$ 2,27 milhões com compra de imóveis e em sua loja de chocolates.

A 2ª Câmara de Coordenação e Revisão acatou o pedido e determinou que o caso seja encaminhado à esfera estadual. O filho de Jair Bolsonaro adquiriu 19 imóveis desde 2003 - quando assumiu o primeiro mandato, de acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo.

Na petição, Pinel fez referências, em especial, à compra e venda de dois apartamentos em Copacabana. Segundo a manifestação, Flávio e sua mulher, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, compraram um imóvel na Rua Barata Ribeiro por R$ 170 mil em 27 de novembro de 2012, tendo os vendedores sido representados por Glenn Howard Dillard. Um ano depois o imóvel foi vendido por R$ 573 mil, “uma impressionante valorização de mais de 200% em curto período”.

De acordo com o procurador, “as circunstâncias em que as compras (imóveis) foram feitas sugerem que os registros do valor de compra foram subavaliados, com parte do valor sendo pago por fora, em típico modus operandi de quem pretende ocultar a proveniência ilícita dos recursos e os converter em ativos lícitos com uma valorização irreal dos bens comprados”.

Em 27 de novembro de 2012, quando Flávio e Fernanda compraram um imóvel na Av. Prado Júnior por R$ 140 mil, tendo os vendedores, igualmente, sido representados por Dillard. Pouco mais de um ano após a compra, o casal vendeu o imóvel por R$ 550 mil, mais uma vez uma valorização superior a 200% em curto período. Dillard foi processado por Charles Eldering, dono do imóvel, por não ter recebido o dinheiro da venda.

A 2ª Câmara do MPF decidirá, nas próximas semanas, sobre outro caso envolvendo o senador. Trata-se do pedido de arquivamento do inquérito eleitoral foi aberto por suspeitas de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica nas declarações de bens dele à Justiça eleitoral.

Em 2014 e 2016, o filho de Jair Bolsonaro declarou ser proprietário de um apartamento no bairro de Laranjeiras, mas atribuiu valores diferentes para o mesmo apartamento em cada ano. Ao disputar a reeleição na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em 2014, Flávio declarou o imóvel com valor de R$ 565 mil, mas quando disputou a prefeitura carioca em 2016 ele declarou R$ 423 mil, ou seja, metade do patrimônio, que no total teria R$ 846 mil.

O caso será examinado por uma nova composição da 2ª Câmara, agora sob a coordenação de um subprocurador da República, Carlos Frederico dos Santos, indicado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro ao cargo sem estar na lista tríplice do MP.


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