05/06/2020 às 21h49min - Atualizada em 05/06/2020 às 21h49min

Mourão diz que não há racismo no Brasil e que negros nos EUA é que se isolam

“Reafirmo que não há racismo no Brasil. Aqui não existe ódio racial. Morei nos Estados Unidos na minha adolescência, vi coisas que nunca tinha visto no Brasil”, afirmou o vice Hamilton Mourão.

Em entrevista ao site Headline, o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), disse que “não existe racismo no Brasil. Para sustentar a sua tese, ele citou os Estados Unidos como parâmetro e ainda argumentou que os negros norte-americanos se isolavam e se comportavam como “gueto”.

“Reafirmo que não há racismo no Brasil. Aqui não existe ódio racial. Morei nos Estados Unidos na minha adolescência, vi coisas que nunca tinha visto no Brasil. No colégio que eu estudava havia um número reduzidos de alunos negros. Aquele grupo andava sem se misturar com os demais alunos, coisas que eu jamais tinha visto aqui no país”, declarou.

Mourão evidenciou a sua lógica racista ao justificar a morte de jovens negros pela ação da polícia. “Temos desigualdade. Você mencionou os confrontos da polícia e as quadrilhas de criminosos no Rio de Janeiro. Vale lembrar: o maior percentual de população negra são em cidades como Rio de Janeiro e Salvador. Se você ver os confrontos da polícia no Sul do país, os que vão tombar são brancos”, disse, sem apontar números que sustentem tal tese.

“Não considero que tenha uma guerra da polícia com os negros. Até porque a maior parte da polícia é negra ou parda”, completou.

O número de negros assassinados no Rio Grande do Sul, por exemplo, praticamente dobrou entre os anos de 2007 e 2017, segundo o Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

No mesmo estado, que é majoritariamente branco (81,5% da população, conforme o IBGE em 2017), o número de assassinatos de negros é maior na proporção, mas menor em números absolutos. A nível nacional, a população negra representa quase 75,5% das vítimas de homicídios. Foram 49,5 mil negros assassinados contra 14,7 mil não-negros.

Mourão disse ainda que a desigualdade observada no país “é uma herança da nossa própria formação”. “Vivemos uma abolição da escravatura sem um planejamento posterior para inserção. Isso se arrasta até hoje e não é culpa do presidente Bolsonaro. Temos anos e anos de historia e nenhum dos antecessores resolveu esse problema”, disse. Apesar de tentar isentar o seu governo, não apontou as ações que foram feitas para reduzir esses efeitos.





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