Uma nova tecnologia médica usada no Brasil desde 2011 tem sido a esperança de cura para milhares de pacientes que sofrem com o câncer de próstata, tumor mais incidente entre os homens brasileiros e o segundo que mais mata. Trata-se do Ultrassom Focado de Alta Intensidade, ou HIFU na sigla em inglês. O grande diferencial é que o tratamento é minimamente invasivo, não havendo necessidade de cortes no paciente. Pesquisa publicada pelo jornal European Urology e feita no Reino Unido após monitoramento com 652 homens com câncer de próstata, na fase inicial da doença, apontou que a taxa de sobrevivência após cinco anos de cirurgia com a tecnologia era de 100%.
Segundo o urologista Fernando Leão, a técnica é recomendada para o câncer primário e localizado em fase inicial. O médico, que é membro da American Urological Association (AUA) e da Society of Robotic Surgery, ambas dos Estados Unidos, e da Société Internationale d’Urologie (SIU), do Canadá, esclarece que a ultrassonografia de alta intensidade destrói tumores da próstata, permitindo ao cirurgião fazer o procedimento e extinguir a lesão com menor impacto à saúde do paciente. “É um tratamento minimamente invasivo, onde não há cortes e perfurações abdominais, e sendo feito pelo reto. É uma alternativa de tratamento para quem não tem condições de ir para uma cirurgia por conta da idade ou porque está com a saúde debilitada”, explica o profissional que fez o treinamento pela fabricante do aparelho, a EDAP TMS, na França.
De acordo com Fernando Leão, o HIFU trata os nódulos presentes existentes no órgão, mantendo as demais estruturas e tecidos humanos sadios e preservados. Além de não ser necessário fazer incisões ou cortes, outros benefícios da técnica para os pacientes são a diminuição dos riscos de incontinência urinária e da impotência sexual, efeitos colaterais que são comuns quando o tratamento é realizado por cirurgia ou radioterapia. “Com preparo e planejamento adequado do tratamento, esses efeitos colaterais costumam ser bem menores do que nos procedimentos com cirurgias e radioterapia”, detalha o urologista.
De acordo com o médico Fernando Leão, outra grande vantagem do tratamento com HIFU é a rápida recuperação. “Normalmente o procedimento é ambulatorial com alta no mesmo dia ou internando geralmente por 24 horas”, destaca o profissional. O procedimento, segundo explica o urologista, pode trazer alguns desconfortos nos primeiros dias, como dificuldade para urinar. “Esse efeito colateral pode ocorrer entre 7 e 10 dias. Normalmente o paciente vai sentir uma ardência na hora de urinar e pode ter um jato urinário mais fraco”, completa.
Outra vantagem do HIFU é a possibilidade de ser aplicada a quantidade que for necessária para remoção dos tumores. “Procedimentos, como a radioterapia, geralmente não é realizado duas vezes, ou seja, reaplicado. Algo que não acontece com o HIFU, que do ponto de vista técnico, a reaplicação é factível por mais de duas vezes”, aponta o médico.
O procedimento
O HIFU consiste em emissão de ondas sonoras que criam calor e energia mecânica em um ponto específico, chamado ponto focal. Como ela é direcionada apenas nas células afetadas pelo tumor, as ondas sonoras destroem o tecido e o restante do órgão fica intacto. Das técnicas disponíveis, é a que apresenta menores efeitos colaterais e possui taxas de toxicidade e mortalidade praticamente nulas.
O procedimento de HIFU dura cerca de 3 horas com um tempo de internação que varia de 12 a 24 horas. Os pacientes, geralmente, podem viajar no dia seguinte ao procedimento e retornar ao trabalho em média cinco dias após a cirurgia. Já atividades físicas podem ser praticadas após 21 dias e a prática de relações sexuais de 5 a 7 dias após a aplicação do HIFU, período em que ocorre a desinflamação da próstata.