08/03/2024 às 23h07min - Atualizada em 08/03/2024 às 23h07min

Bolsonaro convocou reunião com generais para sugerir golpe após aprovar minuta de Filipe Martins, diz Cid

Novos detalhes “assustadores” sobre o depoimento de Cid à PF revelam como foi a reunião entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas para discutir golpe de Estado.

Redação
Revista Veja
Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, revelou em seu depoimento à Polícia Federal detalhes “assustadores” e que “parecem surreais”, de acordo com a nova edição da revista Veja, sobre a trama de golpe de estado discutida pela cúpula bolsonarista após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.
 
A versão do militar voltou a ganhar relevância após o depoimento do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, realizado na sexta-feira passada (1º), que forneceu relatos que corroboraram com as informações de Cid.
 
Cid descreveu a reunião ocorrida em novembro de 2022 no Palácio da Alvorada, logo após a derrota nas eleições presidenciais para o presidente Lula. Segundo o relato de Cid, durante essa reunião, o então assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, apresentou a Bolsonaro uma minuta de decreto que denunciava uma falsa interferência do Poder Judiciário no Poder Executivo. Além disso, a minuta propunha a prisão de diversas autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD) sob a justificativa de oposição ideológica ao ex-presidente.
 
O documento também sugeria a anulação do resultado das eleições de 2022, alegando violações nas urnas eletrônicas, e convocava um novo pleito. Bolsonaro ativamente participou da confecção de uma nova versão do documento, retirando as prisões de Gilmar e Pacheco, mas ainda assim mantendo elementos golpistas. Filipe Martins, dias depois, retornou ao Palácio da Alvorada com as alterações pedidas e, assim, Cid afirmou que Bolsonaro leu e aprovou o documento que visava demolir a democracia brasileira.
 
Bolsonaro, então, convocou a famigerada reunião com os comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha. Durante esse encontro, Martins explicou detalhadamente o conteúdo do documento, mas não mencionou prisões ou anulação das eleições. Segundo o relato de Cid, em outro momento da reunião, sobraram apenas Bolsonaro e os comandantes na sala e o ex-presidente os pressionou sobre a possibilidade de implementar o decreto golpista. Cid alega que ficou sabendo desta parte do encontro pela boca do general Freire Gomes.
 
Enquanto o general e o brigadeiro Carlos Baptista Junior não demonstraram apoio à ideia, o almirante Garnier colocou as tropas à disposição, de acordo com o relato de Cid à Polícia Federal.
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