20/12/2023 às 15h47min - Atualizada em 20/12/2023 às 15h47min

Como o reflorestamento e o mercado de carbono podem ajudar o Brasil a cumprir suas metas ambientais

Projetos de reflorestamento garantem renda extra e regularização de terras.

Redação
Foto: Acervo Oréades
Desenvolver projetos que atuam diretamente na restauração de florestas nativas é imprescindível para que o Brasil consiga cumprir o compromisso de plantar 12 milhões de hectares de floresta até 2030, assumido no acordo de Paris, em 2015. Apesar disso, até o momento 79,1 mil hectares foram recuperados e isso corresponde a menos de 1% da meta. Na recém divulgada Contribuição Nacional Determinada (NDC), o governo Lula estipulou a redução de 48% das emissões de gases de efeito estufa até 2025. São metas ousadas e urgentes para o Brasil, mas que também trazem a perspectiva de geração de emprego, renda e desenvolvimento além do ganho ambiental e climático.
 
Segundo pesquisa do instituto Escolhas o cumprimento da meta de reflorestamento poderia gerar R$ 776,5 bilhões em receita líquida e criar 2,5 milhões de novos postos de trabalho. Uma estimativa de produção de 1 bilhão de metros cúbicos de madeira para comercialização e de 156 milhões de toneladas de alimentos.
 
Em Goiás, na fazenda Babilônia – Flores do Ipê, ao aderir ao projeto de reflorestamento o proprietário César Sandri passou a cultivar a castanha de baru, um fruto que possui múltiplas possibilidades de consumo. A adesão ao projeto aconteceu pela consciência que o agricultor tinha de que é preciso fazer a sua parte em relação ao meio ambiente, com o projeto seria possível aderir ao reflorestamento e ainda produzir.
 
“A castanha do baru é muito saudável e muito doce, como um chocolate. Estamos começando agora, nosso negócio ainda é pequeno, mas temos boas perspectivas”, explica.
 
Sandri também destaca que a equipe do projeto identificou espécies raras de aves na área de reflorestamento da fazenda, que tem garantido a proteção do habitat natural da vida selvagem. Além de preservar nascentes e a biodiversidade, o projeto facilita a conformidade das propriedades rurais com a legislação ambiental, agregando valor aos produtos, garantindo segurança na produção e criando fontes de renda.
 
“Temos que nos preocupar com a floresta, ela tem uma função muito nobre como ser responsável pelos corredores de chuva, por exemplo. Além disso, outra vantagem para o proprietário rural de participar de projetos como o Emas-Taquari é de regularizar as terras de passivo ambiental”, completa.
 
O reflorestamento da fazenda Babilônia – Flores do Ipê faz parte do projeto Emas-Taquari, localizado no Cerrado – na divisa entre Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Esse é um dos projetos de ARR (Arborização, Reflorestamento e Restauração, em tradução livre), onde a climate tech brasileira, brCarbon atua, gerando créditos de carbono.
 
“Além da fonte de renda extra gerada pela produção de espécies nativas de interesse comercial não madeireiro, como a castanha de Baru no Cerrado e o Cacau na Bahia, os projetos de reflorestamento e restauração de áreas que estejam sem floresta há pelo menos 10 anos também geram renda por meio dos créditos de carbono. Com a atualização do projeto para agrupado, o que permite sua expansão, espera-se atingir a remoção de mais de 670 mil de toneladas de CO2”, explica Bruno Matta, CEO da brCarbon.
 

Sobre os projetos de reflorestamento
No Sul da Bahia, o Projeto Agrupado de Reflorestamento na Área de Proteção Ambiental do Pratigi, em colaboração com a Organização de Conservação da Terra (OCT), desde 2011 já restaurou 140 hectares e plantou 70 mil mudas de árvores nativas, totalizando 140 mil mudas produzidas na Mata Atlântica. Essa iniciativa revitalizou mais de 100 nascentes, beneficiando diretamente 120 famílias locais e demonstrando não só a recuperação ambiental, mas também a transformação social por meio da preservação e restauração de recursos naturais essenciais para a região.
 
O Projeto Agrupado de Carbono Corredor de Biodiversidade Emas-Taquari, uma iniciativa em parceria com a Oréades, opera em propriedades privadas na fronteira de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nas bacias dos rios Taquari e Araguaia. Este corredor vital conecta o Parque Estadual Nascentes do Taquari ao Parque Nacional das Emas, abrangendo 10% da área restaurada no Cerrado. A introdução bem-sucedida da castanha de baru, utilizada no reflorestamento de 80 hectares, resultou na produção e comercialização desse fruto, fortalecendo a renda dos proprietários após seis anos de implantação do projeto.
 
O Cerrado, reconhecido como a savana com a maior diversidade biológica do planeta, sustenta várias comunidades, incluindo grupos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, por meio de seus recursos naturais. Apesar disso, apenas 8,21% do seu território é legalmente protegido por unidades de conservação. Desde sua criação em 2010, o projeto já restaurou mais de 500 hectares, facilitando o acesso à água para 51 famílias e contribuindo significativamente para a preservação deste ecossistema essencial. Os projetos da brCarbon são validados para os padrões Verified Carbon Standard (VCS) e Climate, Community and Biodiversity – (Biodiversity Gold Level (CCB), auditado periodicamente por uma instituição independente acreditada pela Verra.
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