“El, el, el, queremos álcool em gel!”. “Veja não, álcool em gel é solução”.
Com cânticos como esses, funcionários da Almaviva do Brasil, um dos principais call centers do país, com 37 mil empregados, cruzaram os braços e paralisaram suas atividades por receios em relação ao novo coronavírus. Eles chegaram a ocupar uma das faixas da Rua da Consolação, na região de São Paulo - SP.
A empresa, dizem os funcionários, não está tomando as medidas de higienização adequadas, nem fornece insumos básicos para a limpeza. No Brasil, são 647 casos contabilizados pelo governo e 7 mortes - todas no estado de São Paulo, segundo o ministério da Saúde. Mas os números oficiais são subestimados e projeções apontam que os dados reais podem ser até 30 vezes o informado.
Segundo relatos de funcionários, cerca de 70, que se manifestavam, quatro pessoas que trabalham no call center estão com suspeita da covid-19.
Maria Eduarda Miranda, 19, trabalha no local desde janeiro deste ano. Por estar no grupo de risco (ela tem bronquite asmática) e morar com idosos, ela deixou de ir ao trabalho nos últimos dias. Além de a empresa descontar os dias em que não foi, Maria Eduarda também deixou de ganhar uma bonificação de R$ 500 à qual teria direito.
“Não tem álcool em gel, a gente já pediu e eles falam que vai chegar, mas nunca chegou. Eles também não higienizam as P.A.'s [postos de atendimento do call center], deixam apenas um paninho com Veja para todos os pontos. Somente um pano para todos os pontos, isso é absurdo”, diz Maria Eduarda. Nos banheiros, os relatos são de que também falta sabão para lavar as mãos.
Os funcionários entregaram uma lista aos gerentes da empresa com reivindicações, incluindo a disponibilização de álcool em gel e a limpeza diária dos postos de atendimento, com ata registrada.