07/11/2023 às 16h53min - Atualizada em 07/11/2023 às 16h53min

Ilhas de calor: sem árvores cidades ficam mais quentes

Restauração florestal está entre as ações que ajudam a reduzir o calor nas grandes cidades. Projeto Olhos da Serra estimula o plantio de espécies nativas e cria cartilha digital para informar a população sobre a importância da recomposição florestal.

Redação
Foto Envato: “ilhas de calor” ocorrem principalmente em grandes centros urbanos
Em tempos de mudanças climáticas perceptíveis no dia a dia, estudo publicado na revista científica Nature Communications, a partir da avaliação de 293 cidades europeias, indica que é possível diminuir a temperatura na área urbana. O antídoto contra as “ilhas de calor”, efeito que torna as cidades mais quentes, é o plantio de árvores. A pesquisa demonstra que em áreas arborizadas a temperatura do solo é até 12 graus mais baixa que em locais sem árvores.
 
“Ilhas de calor” é um termo usado para se referir a áreas urbanas com grande concentração de construções, asfalto e poluição, onde ocorre um aumento na temperatura devido à falta de vegetação. As plantas contribuem para o combate das ondas de calor, primeiro porque fornecem sombras deixando os locais mais frescos do que os expostos ao sol. As árvores realizam um processo chamado “evapotranspiração”, que é a liberação de vapor de água na atmosfera, o que ajuda a refrescar o ambiente naturalmente. 
 
“Além disso, toda a vegetação colabora também com a absorção de gases como o gás carbônico e promovem a fixação dele nos caules e solo, além de reter fuligem e partículas em suas folhas limpando dessa forma os poluentes atmosféricos e amenizando o calor. Por isso a importância da recomposição florestal”, explica Eduardo Paniguel, engenheiro ambiental e gestor do projeto Olhos da Serra pelo Consórcio PCJ.
 
O projeto Olhos da Serra, iniciativa do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ) com patrocínio da Coca-Cola Brasil e Coca-Cola FEMSA Brasil e parceria da Fundação Serra do Japi, em sua segunda etapa, norteia as ações na Serra do Japi a partir de seis eixos temáticos. Um deles, “restauração florestal”, tem importância fundamental para a conservação deste território, que é um dos últimos trechos de floresta contínua do Estado de São Paulo.
 
A conservação de matas nativas se reverte em benefícios para a população e também à fauna. Quando somada à restauração vegetal, contribui também para a melhoria da qualidade da água. “Com as mudanças climáticas, percebemos cada vez mais essas “ilhas de calor” principalmente nas cidades com poucas árvores. As pessoas precisam entender que existe uma ligação direta entre o desmatamento e os eventos extremos como estiagem, altas temperaturas, tempestades e inundações”, ressalta.
 
Em áreas, como a Serra do Japi, o plantio de espécies nativas é ainda mais benéfico para evitar as “ilhas de calor” nas cidades do entorno. “As árvores e a vegetação arbustiva que compõem essas áreas são fundamentais para garantir que exista um sub-bosque estabelecido, que vai impactar diretamente na temperatura, promovendo um ambiente mais fresco. Isso tudo ajuda também na infiltração de água no solo, protegendo nascentes e evitando a erosão. Além disso, a restauração florestal é essencial para conservar o habitat da fauna e isso é importante independente do bioma”, enumera a Superintendente da Fundação Serra do Japi, Vânia Plaza Nunes.
 
Cartilha digital
Como forma de sensibilizar a população sobre a importância do plantio de árvores e recuperação de Áreas de Proteção Permanente (APP), incluindo matas ciliares, o projeto Olhos da Serra está elaborando uma cartilha educativa que será disponibilizada de forma digital.
 
“As florestas nativas remanescentes são baús de riqueza e devemos sempre conservá-las em seu estado natural”, orienta a cartilha. O material educativo também explica a função ambiental das APPs. Os proprietários rurais na área do Japi têm a obrigação de manter e recompor a vegetação nativa destas áreas. Entre os deveres dos proprietários estão a elaboração do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Projeto de Recuperação Ambiental (PRA).
 
Outra abordagem importante no material educativo é sobre a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). A RPPN protege a área escolhida da propriedade particular, que pode ser visitada ou utilizada com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. A RPPN é uma forma de proteger a diversidade biológica e receber benefícios como a redução de impostos ou pagamentos por serviços ambientais.
 
O Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que também integra as informações da cartilha, é regido por legislação. Em agosto deste ano, atualizações do Código Florestal e da Política Nacional de PSA estabeleceram que as áreas de proteção permanente em bacias hidrográficas críticas para o abastecimento também podem receber recursos com a devida conservação.
 
Além de incentivos públicos dos municípios, há também incentivos privados, provenientes da comercialização dos créditos de carbono e projetos.
 
“No material, também tivemos o cuidado de relacionar informações sobre leis atualizadas, que podem ser consultadas pelos proprietários de áreas na Serra do Japi”, destaca Vânia Plaza Nunes.
 
Interessados em receber plantios voluntários em áreas da propriedade podem entrar em contato com o Olhos da Serra: [email protected]. Informações sobre o projeto estão disponíveis em www.agua.org.br/olhosdaserra.
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