10/10/2023 às 22h07min - Atualizada em 10/10/2023 às 22h07min

Golpistas possuíam núcleos distintos e tinham data limite para impedir posse de Lula, diz PF

Dia 18 de dezembro era a data limite para o golpe, uma vez que, após a diplomação de Lula, seria mais complicado justificar eventuais medidas de exceção.

Redação
Jornal O Globo
Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
As investigações da Polícia Federal (PF) acerca das tramas golpistas associadas a Jair Bolsonaro (PL) revelam um enredo montado por dois núcleos distintos. Além disso, há indícios de uma data limite para a tomada do poder, caso o então mandatário perdesse as eleições: 18 de dezembro de 2022, véspera da data original de diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
 
“De um lado, o operacional, que pressupunha a organização de manifestações, bloqueios em estradas e tumultos como o do dia 12 de dezembro, quando carros e ônibus foram queimados na área central de Brasília após a prisão de um líder indígena por atos antidemocráticos. O outro núcleo era o político, que trabalhava em uma espécie de ‘arcabouço legal’ para justificar as medidas de exceção a serem tomadas assim que uma dessas iniciativas de tumulto ‘popular’ fosse bem sucedida”, destaca a coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
 
Ainda segundo a reportagem, o desenvolvimento paralelo desses esforços envolve personagens-chave, como o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o ex-ministro da Defesa e candidato a vice, o general da reserva Walter Braga Netto. Investigadores apuram a possível atuação de Braga Netto como elo entre Bolsonaro e os acampamentos que pediam intervenção militar após a vitória de Lula.
 
Um outro ponto da investigação aborda a presença dos chamados “kids pretos”, militares das Forças Especiais, em ambos os núcleos. Figuras como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, Braga Netto e o general Ridauto Fernandes, que desempenharam papéis no governo Bolsonaro, têm formação nessas forças especiais.
 
A investigação avançou na coleta de evidências, incluindo a “minuta do golpe” encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Ainda conforme a reportagem, as provas obtidas pela Polícia Federal apontam que “para os golpistas o dia 18 de dezembro era a data limite para o golpe, uma vez que, depois da diplomação de Lula, ficaria mais complicado apresentar eventuais medidas de força como forma de garantir a ordem”.
 
Embora a diplomação de Lula tenha ocorrido em 12 de dezembro, as investigações indicam que os conspiradores persistiram com os planos de uma intentona golpista, seguindo o cronograma inicial.
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