14/08/2023 às 17h37min - Atualizada em 14/08/2023 às 17h37min

Programa Rede da ONG Vaga Lume impacta 5.000 jovens e fortalece diálogo intercultural entre comunidades

O programa promove o diálogo intercultural entre jovens e educadores de bibliotecas comunitárias apoiadas pela Vaga Lume na Amazônia e de escolas e organizações sociais de São Paulo.

Redação
Foto: Imersão no quilombo Damásio, com visita a casa de farinha, rio, mediação de leitura, conversa com um contador de cultura local sobre o boi de Guimarães e conversa com os moradores do Quilombo
A Associação Vaga Lume anuncia um marco importante alcançado pelo Programa Rede, que já impactou mais de 5.000 jovens desde o seu lançamento. O programa promove o diálogo intercultural entre jovens e educadores de bibliotecas comunitárias apoiadas pela Vaga Lume na Amazônia e de escolas e organizações sociais de São Paulo.
 
Por meio de oficinas semanais e produção de trabalhos criativos, como cartas, vídeos, desenhos e apresentações, os participantes têm a oportunidade de expressar suas vivências e conectar-se com jovens de realidades diferentes ao longo de um ano. 
 
A coordenadora do projeto, Priscila Fonseca, explica que o Programa inclui uma viagem para educadores das instituições: “Eles vão conhecer de perto a vida na outra comunidade com quem estão trocando e trazem, a partir do seu olhar, os relatos daquilo que viveram”.
 
Em junho, educadores da Camino School e da Escola Santi, em São Paulo – SP, foram até a comunidade indígena Atodi e a comunidade quilombola Murumuru, respectivamente – ambas no município de Santarém – PA. Ao longo do ano, os demais pares de troca também tiveram ou terão encontros: Fundação Tide Setubal – Comunidade Boa Vista (Castanhal – PA); Pró Saber -São Paulo – SP – Comunidade Atins (Barreirinhas – MA); ASA – Primavera – Comunidade Manoelzinho (Barreirinhas – MA); Escola Vera Cruz – Comunidade Menino Deus (Portel – PA); ASA-Pássaros – Comunidade Tracajatuba 1 (Macapá – AP); Associação Acorde – Comunidade Damásio (Guimarães – MA).
 
Um exemplo desses pares de troca foi em 2022 entre a educadora Verônica Lima, da comunidade de Santa Rosa, no Acre, e Lucy Carvalho, coordenadora da biblioteca Pró Saber, em Paraisópolis, São Paulo. Lucy esteve em Santa Rosa e depois recebeu Verônica em São Paulo.
 
“Após a viagem de intercâmbio cultural para o Acre, sinto a comunidade de Santa Rosa mais pertinho do nosso grupo de Paraisópolis – hoje tenho mais repertório para falar dos adolescentes e suas histórias”, diz Lucy. “Durante todo o processo de trocas e conversas com nosso par, o adolescente adquire uma mudança de consciência, com um olhar mais crítico aos acontecimentos da Amazônia, se aproximando desse lugar que até então parecia desconectado da nossa realidade”, completa. 
 
Para a acreana Verônica, esse momento em São Paulo foi importante para a troca de saberes sobre culturas e costumes: “através das oficinas fazemos com que os jovens se conscientizem e levem isso para as suas famílias também”. 
 

Ao longo de sua trajetória, o Programa Rede tem alcançado resultados significativos. Somente em 2022, foram 264 adolescentes participantes, sendo 134 de São Paulo e 130 da Amazônia. O programa tem se mostrado uma iniciativa de grande impacto, valorizando a força e a riqueza da diversidade para convivência em um mundo plural.
 
Transformação, força e novos olhares
Os adolescentes são recepcionados no projeto com uma dinâmica de apresentação que marca a visão deles sobre a vida, o autoconhecimento e os complexos que trazem na bagagem. A coordenadora da biblioteca Pró Saber, Lucy Carvalho, que há três anos é participante do Programa Rede, explica que é visível o antes e depois de cada participante: “Eles entram de um jeito e saem transformados. Mais fortes, conscientes, com senso crítico do mundo. Se reconhecendo e se valorizando dentro do seu território e da sua própria história”, conta. 
 
Nas primeiras atividades, alguns travam nas temáticas consideradas até então, delicadas. “Muitos não conseguem falar”, explica Lucy. A partir da integração e ao longo dos meses nas oficinas semanais com os educadores, os adolescentes começam a reconhecer seu lugar na sociedade e seu valor. “Acredito muito nesse trabalho e no impacto que ele causa em vários pontos no desenvolvimento deles”. 
 
As atividades programadas discutem temáticas integrativas e participativas, possibilitando diferentes trocas de experiências. Segundo a educadora, os intercâmbios têm despertado o interesse por novas culturas e promovido a quebra de padrões. “Eles conheciam a Amazônia só pela TV: como se ela fosse só floresta, natureza e bichos. Existe uma desconstrução desse estereótipo, eles passam a conhecer pessoas que vivem nesse lugar”, ressalta. Durante a iniciativa que oportuniza imersões, eles conhecem histórias reais de outros adolescentes, que assim como a deles, têm aspectos em comum. 
 

“Os adolescentes passam a valorizar e reconhecer a diversidade que existe no seu próprio território, passam a reconhecer os problemas que existem, em que lugar estão e como podem mudar essa história. Essa mudança de olhar é nítida no grupo. A gente fica muito orgulhosa dessa trajetória”, ressalta Lucy que avalia positivamente o respeito que o grupo adquire entre os pares.
 
O primeiro evento presencial do programa este ano, que reuniu participantes das escolas e instituições de São Paulo, aconteceu dia 15/04. Os jovens realizaram a atividade do Mapa Afetivo, conduzida pelas educadoras Sanara Santos e Mel Oyá, em parceria com 10 voluntários do Escritório Mattos Filho. O Mapa Afetivo permitiu que os adolescentes refletissem sobre desigualdade social, racismo, racismo ambiental e violência, compartilhando suas percepções e ampliando sua consciência de mundo. O ponto alto do encontro foi o Sarau, que contou com 20 apresentações ensaiadas, repletas de criatividade e vida. “Por mais que todos os participantes fossem de São Paulo, a realidade de muitos deles é tão distinta que a troca cultural não deixa de ser muito rica”, diz Priscila Fonseca, atual coordenadora do programa Rede.
  
Alguns números da Vaga Lume
+163 mil livros doados
+109 mil crianças, jovens e adultos impactados 
+5 mil mediadores de leitura formados 
+880 voluntários ativos na Amazônia
 
Conheça o mini documentário Vaga Lume no YouTube
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