10/08/2023 às 20h38min - Atualizada em 10/08/2023 às 20h38min

Alma Preta lança manual de Redação antirracista

“A gente tentou produzir um material olhando para nós, enquanto sujeitos negros, mas sob uma perspectiva universal”, afirmou Pedro Borges, editor-chefe da agência de notícias.

Redação
Jornal Folha de S. Paulo
Foto: Divulgação/Manual elaborado pelo site Alma Preta
A Alma Preta lançou nesta quarta-feira (9) um manual de Redação antirracista, para auxiliar jornalistas e comunicadores na cobertura da temática racial no Brasil. O “Manual de Redação: o jornalismo antirracista a partir da experiência da Alma Preta” foi lançado durante evento na sede do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação no Estado de São Paulo. As informações foram publicadas nesta quinta-feira (10) na coluna Novo em Folha, no jornal Folha de S. Paulo.
 
“A gente tentou produzir um material olhando para nós, enquanto sujeitos negros, mas sob uma perspectiva universal”, afirmou o jornalista e editor-chefe da agência de notícias, Pedro Borges. “Um jornalista que quiser trabalhar para qualquer outro veículo ou canal, que tenha ou não um manual de Redação, pode olhar para o da Alma Preta e usá-lo como base”, disse.
 
“Óbvio que tudo isso a partir do nosso olhar. Todo manual de Redação carrega a perspectiva e a visão do canal de imprensa que o está produzindo, e naturalmente falar de Alma Preta é falar a partir de uma perspectiva antirracista”, complementou.
 
Segundo Borges, O Outro Lado – princípio editorial que prevê a escuta de todos os envolvidos em determinado acontecimento – nem sempre é suficiente para equilibrar narrativas.
 
“Ouvir os dois lados é uma coisa que jornalismo faz, mas muitas vezes as versões de um mesmo fato são incompatíveis. Uma família [que sofreu com uma chacina] pode dar uma versão, e a polícia dar outra completamente diferente”, afirma.
 
“Em uma equipe de jornalistas comprometidos com o antirracismo, é importante que a gente priorize a versão desses familiares. A imprensa mais corporativa tem como tendência dar como prioridade a versão oficial. O jornalismo vai dizer que isso é objetividade, mas a objetividade já está posta na medida em que você checa os dois lados e faz a apuração. Nós, enquanto imprensa negra, deixamos isso explícito no nosso manual. Até porque não existe pena de morte no Brasil. Mesmo que uma pessoa estivesse envolvida com o crime organizado, ela não teria que ser julgada pelo policial naquele momento. Cabe a ele prender”.
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