06/08/2023 às 12h22min - Atualizada em 06/08/2023 às 12h22min

Brasil teve julho mais quente dos últimos 62 anos

Dados do Instituto de Meteorologia apontam novo recorde de temperaturas no meio do inverno.

Redação
Agência Pública
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O Brasil teve o mês de julho mais quente em 62 anos. É o que indicam dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que a Agência Pública acessou. O resultado é o maior desde 1961, quando começaram as medições nas estações do órgão, e reflete uma situação que ocorreu em todo o mundo: um recorde de calor. Para o planeta, o mês foi o mais quente do registro histórico.
 
Os números mostram que a média de temperatura registrada em todas as estações do país ficou em 23ºC. Isso representa 1ºC acima da série histórica, que é de 22ºC. Esse é um novo recorde, mas que acontece justamente um ano após o anterior. O último, em 2022, foi um acréscimo de 0,8ºC. Antes disso, havia sido em 2015, com 0,7ºC.
 
As áreas que registraram maior aumento foram o sul da Amazônia, o Centro-Oeste e o Sul. Em ao menos seis capitais, as médias de temperaturas máximas e mínimas do mês ficaram acima do esperado. Em algumas, muito acima: Porto Alegre, por exemplo, registrou uma média de temperaturas mínimas quase 2ºC acima do histórico. A cidade teve um dia de inverno marcando 30ºC nos termômetros.
 
“Seria um processo natural, mas temos notado um aumento progressivo das temperaturas no inverno nos últimos 15 anos. A substituição de áreas verdes por edificações, por exemplo, contribui para o aquecimento”, explica Danielle Barros, meteorologista do Inmet e chefe do serviço de pesquisa aplicada.
 
Segundo Barros, o recorde de calor registrado em julho de 2015 ocorreu em um ano com um forte El Niño – o fenômeno de aquecimento da água superficial no Oceano Pacífico. Ele é responsável por gerar grandes alterações no clima, por exemplo, nas temperaturas e no regime de chuvas. Neste ano, o retorno do El Niño poderia explicar o novo recorde de calor. Para o planeta, piora um cenário já alterado pelo processo de aquecimento global. Na média, o mundo já está mais de 1ºC mais quente do que no período pré-Revolução Industrial.
 
Reportagem da Pública mostrou como o El Niño de 2015/2016 afetou a produção de castanhas-do-pará no estado do Amapá. Famílias de catadores sofreram com a diminuição da produção e ainda precisaram enfrentar roubos motivados pela disparada no preço do alimento, que ficou mais escasso.
 
De acordo com Barros, em 2022, a causa para o recorde de temperaturas em julho teria relação com o inverno seco. Na época, sistemas de alta pressão inibiram a formação de nuvens e aumentaram a incidência de raios solares.
 
Mamedes Luiz, chefe de previsão no Inmet, diz que a previsão para os próximos três meses também aponta para um aumento nas temperaturas médias entre 1ºC e 1,5ºC, principalmente no Norte e no Centro-Oeste.

Seis capitais brasileiras registraram temperaturas acima da média em julho 
A cidade de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, registrou um dos maiores aumentos na temperatura em julho. A média de temperatura máxima foi de 29,2ºC, ou 1,7ºC acima da média – e os termômetros passaram de 32ºC no fim de julho. Já a mínima ficou em 16,9ºC, um aumento de 1,6ºC em relação ao esperado para o mês.
 
Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, os gaúchos também viveram um julho menos frio que o de costume. A média da temperatura mínima para o mês foi quase 2ºC mais alta que o histórico. As máximas também ficaram mais de um 1ºC acima da média. No final de julho, o sábado (22) marcou o recorde: quase 30ºC. Além de menos frio, o mês trouxe mais chuvas em Porto Alegre que a média.
 

Embora a região Nordeste tenha sido menos castigada com o aumento da temperatura em julho, a cidade de Salvador, na Bahia, está dentre as que tiveram médias acima do histórico. A máxima superou a série histórica em 1ºC, e a mínima, em 1,3ºC. Os soteropolitanos também receberam 46% menos chuvas, cerca de 90 mm a menos do que a média de 1991 a 2020.
 
Outra capital onde choveu menos que a média foi Belo Horizonte, em Minas Gerais. O mês de julho registrou uma média de chuvas quase um terço menor que a histórica. E enquanto as chuvas ficaram abaixo do esperado em BH, o frio também. A média das temperaturas, tanto as máximas quanto as mínimas, ficaram acima do histórico. Ou seja, os termômetros registraram valores mais altos do que se estima para julho. A cidade chegou a marcar mais de 30ºC no dia 11 de julho.
 
Os paulistanos sofreram menos com calor em julho, mas a cidade de São Paulo passou por uma estiagem: foram 37,4 mm de chuva abaixo do normal climatológico para o período, ou 77% de redução. Nos termômetros, a temperatura mais alta registrada foi de 28,6ºC. A média máxima foi 0,8ºC acima do esperado, e a mínima, 0,9ºC.
 
Aracaju, capital de Sergipe, também teve um julho mais quente que o esperado, embora com números bem menos intensos que as demais capitais. Por lá, a média das temperaturas mínimas ficou meio grau acima do registro histórico. Um exemplo foi o dia 8 de julho, quando a mínima bateu 24,7ºC. As chuvas também ficaram acima da média.

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