19/07/2023 às 10h09min - Atualizada em 19/07/2023 às 10h09min

Balança comercial tem saldo de US$ 45 bilhões no primeiro semestre e previsão é de superávit recorde em 2023

Impulso da balança comercial se deve ao sólido desempenho do agronegócio e à produção de petróleo nas reservas do pré-sal.

Redação
Jornal O Globo
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
As contas externas, que frequentemente são uma fonte de problemas para países emergentes, tiveram um rumo positivo no Brasil e vêm impulsionando a economia do país nos últimos tempos. Graças ao sólido desempenho do agronegócio e à produção de petróleo nas reservas do pré-sal, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 45 bilhões na primeira metade deste ano, um aumento de 31,5% em comparação com o mesmo período de 2022, informa o jornal O Globo.
 
O Boletim Focus, emitido pelo Banco Central, que coleta projeções de analistas do mercado financeiro, começou este mês prevendo US$ 64 bilhões para 2023. Há dois dias, a previsão foi revisada para US$ 65 bilhões. Se isso se confirmar, marcará o terceiro ano consecutivo de superávit recorde, com o país exportando mais do que importa.
 
Nos últimos anos, a melhora nos números do comércio exterior tem sido impulsionada pelo aumento dos volumes exportados em vez dos preços. Embora os preços das principais exportações do Brasil, como soja e milho, tenham diminuído este ano, a produção está em alta.
 
Os preços internacionais tiveram uma recente alta após a Rússia suspender o acordo que permitia à Ucrânia exportar grãos pelo Mar Negro. Nesta terça-feira (18), os contratos futuros mais negociados de milho aumentaram 5,63% na Bolsa de Chicago. O trigo subiu 2,60% e a soja, 1,25%. A guerra, que começou em fevereiro de 2022, afetou as exportações da Ucrânia, um dos principais produtores de alimentos da Europa. As restrições na oferta no ano passado contribuíram para a inflação global, resultando na valorização das commodities agrícolas, mas o acordo trouxe alívio desde meados do ano passado. Um novo aumento nos preços internacionais de grãos pode impactar negativamente a inflação no Brasil também, mas, por outro lado, favorecerá ainda mais as contas externas brasileiras.
 
Independentemente das cotações diárias, alguns analistas veem uma mudança estrutural. Em maio, Robin Brooks, economista-chefe do IIF, uma associação global da indústria financeira, escreveu nas redes sociais que o “Brasil está no caminho de se tornar a Suíça (conhecida pelas grandes reservas que fortalecem sua moeda) da América Latina”, pois um “enorme superávit comercial está emergindo” e isso “garantirá ao Brasil estabilidade externa e uma moeda forte”. Desde 2000, as exportações de soja do Brasil cresceram, em volume, quase sete vezes. As vendas de petróleo são quase seis vezes maiores do que há 20 anos. “Na nossa região, nos últimos 20 anos, tivemos um aumento de 20% na área (plantada), mas nosso aumento de produtividade já chega a 50%", diz o produtor de soja Joel Ragagnin, proprietário da Fazenda Santo Antônio, em Jataí – GO e presidente da Aprosoja-GO, a associação dos agricultores locais”. A aplicação de tecnologias e mudanças no sistema de produção aumentaram consideravelmente a produtividade.
 
Inflação  
Em um momento em que países vizinhos, como a Argentina, enfrentam escassez de dólares como um dos principais elementos de sua crise, o aumento das exportações traz um maior fluxo de moeda americana para o Brasil, favorecendo a valorização do real e reduzindo as pressões inflacionárias. No entanto, enquanto uma potencial valorização dos preços das commodities agrícolas pode impulsionar ainda mais a balança comercial, isso poderia, por outro lado, pressionar a inflação exatamente quando o Banco Central se prepara para iniciar cortes nas taxas de juros. No Brasil, grande parte do alívio nos preços este ano veio dos alimentos, graças a uma safra recorde. Nos supermercados, itens como óleo de soja, carne e derivados de milho estão mais baratos.
 
De acordo com os economistas, a entrada de dólares das exportações movimenta a economia local e é um dos fatores por trás da queda na taxa de câmbio nos últimos meses, ajudando a conter a inflação. Esses ventos externos favoráveis contribuem para melhorar a visão sobre a economia brasileira.
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