10/05/2023 às 12h18min - Atualizada em 10/05/2023 às 12h18min

Doença Celíaca: dois milhões de brasileiros são acometidos, mas 90% não receberam diagnóstico

Enfermidade deve ser acompanhada por gastroenterologista; produtos para dietas restritas são encontrados com mais facilidade nos supermercados.

Redação
Foto: Regis Fernando da Silva/Foto Studio Regis
A Doença Celíaca (DC) é uma enteropatia, doença do intestino caracterizada pela má absorção de água e nutrientes, caracterizada pela intolerância permanente ao glúten. No Brasil, segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), duas milhões de pessoas são acometidas, mas apenas 10% foram formalmente diagnosticadas. Algo também recorrente em outras nações ao redor do mundo. Por isso, para atentar e informar a população, é celebrado em 16 de maio o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca.
 
“O diagnóstico é realizado pelos sintomas clínicos apresentados pelo paciente em conjunto com exames laboratoriais e a confirmação pela histologia da mucosa intestinal, ou seja, pela análise do tecido que reveste as paredes internas do intestino”, explica a gastroenterologista clínica e endoscopista do Vera Cruz Hospital, Aline de Castro Possi.
 
“A histologia da mucosa intestinal é obtida através de biópsias duodenais, via endoscopia digestiva alta. Já os testes sorológicos principais são a pesquisa de anticorpos antiactina, antitransglutaminase e antiendomísio”, adiciona a especialista.
 
Os sintomas variam quanto a intensidade, extensão e localização dos processos inflamatórios. Os mais comuns são diarreia, distensão e/ou dor abdominal, flatulência, perda de peso e deficiência de nutrientes e vitaminas. As formas atípicas incluem manifestações extraintestinais, como osteoporose, dermatite herpetiforme, baixa estatura, atraso puberal, defeitos no esmalte dentário, artrite, doença hepática, infertilidade, além de linfoma intestinal. Existem também grupos especiais de pacientes assintomáticos ou com sintomas leves. A doença, normalmente, é desencadeada por mecanismos autoimunes nos indivíduos geneticamente predispostos.
 
Atualmente o único tratamento para doença celíaca é a dieta isenta de glúten, que deve ser permanente e definitiva e com cuidados na alimentação, que incluem a leitura de rótulos e alternativas de substituição de ingredientes que contenham a substância.
 
“A pessoa com DC, bem como toda a família, deverão ser orientados sobre a dieta e a importância da exclusão de produtos com glúten. Também é importante acompanhamento com nutricionista e, se possível, a participação em grupos com outros pacientes celíacos”, conclui a médica.
 
Sem glúten nas prateleiras
A demanda por alimentos específicos para pessoas com restrição alimentar afetou as prateleiras dos supermercados. Há menos de uma década era muito difícil encontrar produtos isentos de glúten, principalmente de fabricação nacional. Nos últimos anos, a indústria brasileira investiu no nicho e já há fábricas que produzem somente produtos isentos da substância.
 
“Ter um local específico onde encontrar os produtos exclusivos para sua alimentação facilita para os consumidores e colabora para que haja um mix de produtos maior em um único lugar e diminuindo o risco de contaminação cruzada”, relata Vilma Rodrigues, gerente de compras do setor de naturais e saudáveis da rede Covabra Supermercados.
 
“Temos um corredor dedicado somente a produtos saudáveis, para pessoas com restrição alimentar, com um espaço dedicado a cerca de 80 itens sem glúten”, completa.
 
A restrição alimentar e o risco de contaminação trazem grande preocupação às pessoas que precisam de dieta isenta de glúten. Por isso, a indústria tem controles rígidos e os produtos são analisados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes de serem liberados para comercialização.
 
“Mesmo com a proteção das embalagens, temos o cuidado de manter esses produtos em gôndola exclusiva para trazer mais segurança ao consumidor”, finaliza Vilma, ressaltando que os cuidados com contaminação cruzada também devem ser seguidos no transporte e na residência, como a não utilização de talheres em produtos com e sem glúten.

Aline de Castro Possi (CRM 118142) – gastroenterologista clínica e endoscopista do Vera Cruz Hospital.
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