28/02/2023 às 21h48min - Atualizada em 28/02/2023 às 21h48min

Vencedor do Nobel de Economia diz que esquerda gere melhor a economia e que Lula está certo ao criticar juros

Para Joseph Stiglitz, as altas taxas de juros minam a competitividade e enfraquecem a economia. “Lula está absolutamente correto em estar preocupado com essas questões”, disse.

Redação
Foto: Reprodução – Joseph Stiglitz, vencedor do prêmio Nobel de economia, professor da Universidade de Columbia (EUA) e antes economista-chefe do Banco Mundial (1997-2000)
Joseph Stiglitz, vencedor do Nobel de economia e ex-economista-chefe do Banco Mundial, afirmou que os governos de centro-esquerda gerem melhor a economia do que a direita e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está certo em criticar o Banco Central por manter a taxa básica de juros do Brasil em 13,75% ao ano. 
 
“Há um custo enorme em ter taxas de juros altas. Isso coloca o Brasil em desvantagem competitiva, estrangula as empresas brasileiras, enfraquece a economia do país. Então o presidente Lula está absolutamente correto em estar preocupado com essas questões”, disse Stiglitz à BBC News Brasil.
 
Para Stiglitz, “a política de elevar taxas de juros, que é a resposta normal para um excesso de demanda agregada, é inapropriada no contexto atual. E uma das coisas que eu argumento é que isso pode, na verdade, exacerbar as pressões inflacionárias”.
 
Na entrevista, Stiglitz também destacou que o Brasil precisa reformular o seu sistema tributário, tornando-o mais progressivo, de forma a combater a desigualdade. “Obviamente é importante ter um sistema tributário eficiente e isso exige simplificação. Mas o que é ainda mais ou igualmente importante para o Brasil é reformular o sistema tributário para combater a desigualdade, tornando esse sistema mais progressivo [que arrecada mais de quem tem mais renda e patrimônio]”, afirmou.
 
“Eu não posso opinar sobre a política brasileira, mas acredito que aumentar a progressividade do sistema tributário do Brasil deve ser uma prioridade. Diante do elevado nível de desigualdade do país, isso deve estar no topo da agenda”, completou.
 
Stiglitz avaliou, ainda, que o governo Lula “herdou uma absoluta bagunça do governo Bolsonaro. Em certa medida, dá para dizer que não poderia ser pior, porque ele começa em um ambiente em que é preciso consertar o caos criado pela administração anterior. Então há sempre uma desvantagem para os governos de centro-esquerda responsáveis, como Lula, de corrigir a desordem herdada. E o caos é ainda maior porque Bolsonaro, como Trump, dividiu a sociedade. E, obviamente, quando você tem uma sociedade polarizada é muito mais difícil conseguir a solidariedade e coerência que ajudariam a endereçar os problemas sociais”.
 
“É interessante que, em muitos sentidos, eles [os governos de centro-esquerda] se tornaram melhores gestores da economia. Digo isso porque a economia do século 21 é baseada em inovação, competição, alto nível de capital humano e boa infraestrutura pública. E os governos de direita que eles substituíram eram centrados em monopólios, grandes empresas, competição limitada e investimentos insuficientes nas pessoas e em infraestrutura. A agenda econômica da direita levou a um baixo crescimento e fraca performance econômica”, observou.
 
“Então, embora os governos de centro-esquerda tenham herdado uma bagunça, se eles mantiverem o olho na bola e o foco no objetivo de atacar esses problemas e criar uma prosperidade compartilhada, acredito que serão bem-sucedidos”, finalizou Stiglitz.
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