12/02/2023 às 02h58min - Atualizada em 12/02/2023 às 02h58min

Manifesto de economistas faz coro a Lula e cobra Banco Central por queda de juros

O texto foi publicado como um abaixo-assinado na plataforma Change.org. Tinha 917 assinaturas até a manhã deste sábado (11).

Redação
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Um manifesto assinado por economistas renomados, lançado na quinta-feira (9), defende “razoabilidade” do Banco Central em relação à taxa básica de juros, que está em 13,75% desde setembro de 2022. A reivindicação faz coro ao que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido.
 
“A taxa de juros no Brasil tem sido mantida exageradamente elevada pelo Banco Central e está hoje em níveis inaceitáveis. O discurso oficial em sua defesa não encontra nenhuma justificativa, seja no cenário internacional ou na teoria econômica, e o debate precisa ser arejado pela experiência internacional”, diz o manifesto.
 
O texto foi publicado como um abaixo-assinado na plataforma Change.org. Tinha 917 assinaturas até a manhã deste sábado (11).
 
É encabeçado por economistas como:
  • Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda;
  • Antônio Corrêa de Lacerda, presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia);
  • Nelson Marconi, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e coordenador do programa econômico de Ciro Gomes (PDT), em 2022;
  • Monica de Bolle, professora adjunta da Universidade Johns Hopkins;
  • Leda Paulani, professora da faculdade de Economia da USP (Universidade de São Paulo);
  • Luciano Galvão Coutinho, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Leia a Íntegra do Manifesto
 
“Taxa de juros para a estabilidade duradoura: Manifesto de economistas em favor do desenvolvimento do Brasil
 
A eleição de outubro renovou as esperanças de que o Brasil possa reencontrar os caminhos para a estabilidade política e um lugar respeitável no mundo. O Brasil precisa de paz e de perspectivas. O mundo precisa da estabilidade do Brasil.
 
O presidente Lula tem sabido enfrentar, desde 30 de outubro, alguns dos desafios mais sérios, a começar pela trama da contestação dos resultados das urnas e as arruaças promovidas pelos maus perdedores, bem como soube construir um orçamento viável para as emergências amplamente reconhecidas. O governo de amplo espectro mostra o compromisso com a inclusão e a governabilidade. Mas é preciso mais.
 
A superação dos desafios brasileiros só pode ser alcançada com uma nova política econômica, promotora de crescimento e prosperidade compartilhada. A razoabilidade da taxa de juros é uma condição indispensável para a normalidade econômica. Sem isso, os investimentos perderão para as aplicações financeiras e as remunerações do trabalho e da produção vão perder para a especulação.
 
A taxa de juros no Brasil tem sido mantida exageradamente elevada pelo Banco Central e está hoje em níveis inaceitáveis. O discurso oficial em sua defesa não encontra nenhuma justificativa, seja no cenário internacional ou na teoria econômica e o debate precisa ser arejado pela experiência internacional.
 
Nenhum dos países dotados de recursos e economias estruturadas possui uma taxa de juros sequer próxima da que prevalece no Brasil e que o Banco Central pretende manter por longo período. E todos esses países reconheceram o caráter excepcionalíssimo do surto inflacionário recente, explicado pela pandemia e pelo conflito bélico, não por excesso de demanda.
 
O Brasil só poderá alcançar os objetivos da estabilidade econômica, política e institucional se juntos formos capazes de aumentar a produção e a produtividade, os empregos e os bons empregos, além dos serviços que são prestados à população e aos mais carentes.
 
O estrangulamento das atividades produtivas e criadoras não é uma solução. As empresas precisam investir para aumentarem a produção e a qualidade e sustentabilidade dos seus produtos e o uso econômico da biodiversidade. As obras de infraestrutura precisam ser retomadas para proverem serviços com custos mais reduzidos para as empresas e as famílias. É no crescimento e no desenvolvimento que o Brasil pode superar as turbulências que nos afligiram.
 
A excepcionalidade do momento exige serenidade, mas isso não significa se conformar com caminhos estéreis. Precisamos recolher da experiência internacional os melhores ensinamentos e aplicá-los à nossa realidade. E na nossa realidade há hoje muito mais oportunidades de investimento e criação de novas riquezas do que na maior parte dos países.
 
O Brasil, sem as amarras de uma política monetária inadequada, poderá finalmente buscar os verdadeiros equilíbrios, aqueles que são a razão da política econômica: eliminação da pobreza, redução das desigualdades, preservação da natureza e sustentabilidade.
 
O momento é excepcional também pelo contexto político. A história mostra que o desemprego e a depressão econômica são substrato para a emergência do fascismo, do militarismo, da xenofobia e do ataque a minorias, avançando sobre as instituições democráticas. Uma governança econômica que seja capaz de debelar o atual estado de estagnação e crise não é somente importante para a melhora das condições de vida da população, mas é também essencial para que retomemos uma trajetória de construção democrática.
 
Os economistas signatários deste manifesto declaram publicamente o apoio a uma política que seja capaz de reduzir substancialmente a taxa de juros, propiciando as condições para a retomada do desenvolvimento com estabilidade sustentável”.
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