21/01/2023 às 11h34min - Atualizada em 21/01/2023 às 11h34min

Dez advogados estão presos por atos golpistas em Brasília – DF

Pela profissão que exercem, eles ficam em espaços sem grades, em dependências de unidades militares.

Redação
Agência Lupa
Foto: Reprodução/Internet
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) informou que ao menos 10 advogados estão presos em uma sala do Núcleo de Custódia da Polícia Militar (NCPM), em Brasília – DF, onde apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadiram o Congresso, o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).
 
Por serem advogados, eles têm direito a ficarem recolhidos em espaços sem grades, nas dependências de unidades militares. A informação foi publicada pela Agência Lupa.
 
A Lupa identificou seis perfis nas redes desses profissionais que, ao atacarem a democracia, demonstraram condutas incompatíveis com o Estatuto da Advocacia. Todos com situação regular na OAB Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
 
Um deles é Milton Alves Cardoso Junior (OAB 50657-PR), de 53 anos. Especialista em planejamento patrimonial, o advogado coordena um escritório de advocacia em Curitiba – PR. Nas redes sociais, fez publicações de cunho golpista, postou fotos e vídeos de pessoas acampadas nas portas dos quartéis do Exército e demonstrou não aceitar o resultado das eleições de 2022.
 
“O Brasil nunca se renderá a um ditador. O poder emana do povo”, diz trecho de um vídeo compartilhado no Facebook em 4 de janeiro. Sua situação no cadastro da OAB é regular.
 
Outro advogado que também está preso é Antônio Valdenir Caliare (OAB 13443-MT), de 56 anos, de Juína – MT. No Facebook, o advogado compartilhou postagens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por quem manifestou apoio durante as eleições.
 
“Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”, escreveu, fazendo referência ao slogan de Bolsonaro. A situação de Caliare consta como regular no cadastro da OAB.
 
Nara Faustino de Menezes (OAB 192211-SP), de 43 anos, é uma das três advogadas mulheres que foram transferidas para a sala especial da Polícia Militar. Especialista em saúde e segurança do trabalho, ela é dona de um escritório de advocacia em Ribeirão Preto – SP.
 
No dia dos atos em Brasília, Nara usou sua conta pessoal no Instagram, que não está mais disponível, para incitar ações. “Precisamos de todos os patriotas unidos para vencermos o comunismo que o lulapetismo quer nos impor”, diz parte do texto publicado pela advogada.
 
 
Há ainda, entre os presos, o advogado mineiro Thiago Queiroz (OAB 129893-MG), igualmente com situação regular na OAB. Natural de Patos de Minas – MG, ele transmitiu ao vivo a invasão ao Congresso Nacional.
 
“Olha, tudo quebrado aqui. Não sobrou nada [...] Tomamos o Congresso. Agora é nosso. Nós é que mandamos aqui” diz Thiago em um dos vídeos publicados em seu perfil do Facebook.
 
Outros dois advogados identificados pela Lupa entre os presos pelos atos golpistas foram: Luís Carlos de Carvalho Fonseca (OAB 69545-BA) e Luiz Gustavo Sulzbacher (OAB 17961-RS).
 
Coletivo quer punição para advogados envolvidos
Diante do envolvimento de advogados nos atos golpistas, o coletivo Ordem Democrática criou um canal de denúncias a fim de reunir fotos e vídeos de profissionais com registro regular na OAB que estiveram presentes nos ataques ou apoiaram sua realização.
 
A advogada Renata Amaral, representante do movimento, acredita que o número de advogados presos e envolvidos nos atos seja superior ao que foi divulgado até o momento. O grupo está fazendo um levantamento das informações e pretende solicitar o afastamento dos profissionais cuja participação for confirmada.
 
“A intenção é atuar para que seja instaurada a devida apuração das condutas praticadas por advogados(as) sob o ponto de vista jurídico, com respeito ao devido processo legal e ampla defesa, tipificadas como crimes contra o Estado Democrático de Direito pelo Código Penal Brasileiro e, portanto, incompatíveis com o exercício da advocacia”, destacou. 
 
As denúncias podem ser feitas por meio do e-mail [email protected]
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