03/11/2022 às 20h38min - Atualizada em 03/11/2022 às 20h38min

Estudante negro é ameaçado e sofre ataques racistas em grupo de escola em Valinhos – SP

Estudantes do Visconde de Porto Seguro, em Valinhos – SP, compartilharam imagens nazistas e fizeram comentários xenofóbicos e racistas; mãe de aluno registrou boletim de ocorrência.

Redação
Um jovem de 15 anos foi incluído em um grupo de WhatsApp por colegas da escola onde estuda, na cidade de Valinhos – SP, onde os integrantes se autodenominam “Neonazistas do Porto”. O adolescente foi expostos a ameaças que incluíam diversos xingamentos racistas, dentre os quais uma das mensagens que dizia: “Espero que você morra *** negro”.
 
A mãe do adolescente relata ter reportado a situação ao colégio, mas que, até o momento, a resposta da escola é a de que não irá se posicionar sob a justificativa de que os ataques não ocorreram no espaço físico da instituição e, sim, nas redes sociais. Trechos das mensagens incluem falas racistas e xenófobas como uma defesa pela “reescravização do Nordeste” e o desejo de que “esses nordestinos morram de sede”.
 
A mãe do jovem tem outra filha, também negra, de 13 anos, que estuda na mesma escola. Ela registrou, junto aos filhos, nesta segunda-feira (31), um Boletim de Ocorrência por ato infracional de injúria. Na ocorrência, um outro ataque com os dizeres “quero a sua mãe, aquela negrinha” também é descrito.
 
A advogada ainda relata que não é a primeira vez que os filhos são atacados de maneiras racistas na cidade, sendo está a terceira escola em que eles estudam. “Eu já tinha tirado eles de outras duas escolas por questões relacionadas ao racismo e a falta de cuidado das escolas em relação ao tema”.
 
A mãe ainda conta que os filhos já haviam relatado outros episódios de racismo relacionados aos cabelos deles e a classe social. “Questionando porque crianças pretas tinham condição de frequentar aquela escola, com motorista, questionando como que eles moravam na casa em que moram, como se eles não tivessem o direito de ter a classe social que eles tem”, explicita a advogada.
 
A mãe ainda conta que os ataques se estendem à filha mais nova: “Minha filha também foi chamada de escrava na escola e já teve inúmeros problemas com o cabelo, críticas sobre o cabelo dela. O que faz com que ela use trança há mais de três anos sem nenhum tipo de descanso”.
 
Um grupo de amigos e alunos da cidade estão se organizando para se manifestarem para que a escola garanta a proteção a todas as crianças da instituição contra o racismo. Além de combater efetivamente as situações classistas, nazistas e xenofóbicas relatadas.
 
Em nota a escola informou que “repudia qualquer ação e ou comentários racistas contra quaisquer pessoas. Os atos de injúria racial não são justificados em nenhum contexto”. Em seguida o texto ainda diz:
 
“Considerando que a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária pressupõe o respeito à diversidade e as liberdades, o Colégio não admite nenhum tipo de hostilização, perseguição, preconceito e discriminação. Vale lembrar que em todos os campus do Colégio são realizadas palestras, orientações educacionais e projetos sobre a diversidade de opinião, de raça e gênero para alunos e comunidade escolar”, registrou a nota.
 
O caso também é investigado pela Polícia Civil de São Paulo.
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