18/08/2022 às 22h18min - Atualizada em 18/08/2022 às 22h18min

Inflação do gás passa de 20% em 12 meses e pressiona famílias e comerciantes

Os pobres são os mais afetados por esse aumento.

Redação
A alta do gás de cozinha já passa do dobro da inflação geral e lidera a lista de despesas com habitação nos últimos 12 meses. O gás encanado subiu 26,29%, e o gás de botijão, 21,82%. A inflação do período foi de 10,07%.
 
O preço do gás depende de fatores como a cotação internacional do petróleo, os juros federais e estaduais e o lucro das distribuidoras. Segundo Carla Beni Menezes de Aguiar, professora de economia dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o fator mais importante para a inflação do gás de cozinha foi o preço internacional.
 
Apesar da maior parte do gás consumido no Brasil ser produzido pela Petrobras, o governo brasileiro adota a política de paridade de importação para todos os combustíveis. A partir dessa política, o preço dos combustíveis no Brasil, inclusive do gás, passa a acompanhar o valor internacional do petróleo.
 
Segundo Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), o preço dos outros combustíveis também impacta no gás, por causa dos gastos com distribuição. Nos últimos 12 meses, a gasolina teve aumento acumulado de 5,64%, e o óleo diesel, de 61,98%.
 
Os consumidores sentiram o impacto desses aumentos. Luiz Antônio Ramos, 56, é dono de uma lanchonete em Pirassununga, interior de São Paulo. Ele consome cerca de 12 botijões de gás por mês e diz que, desde o início de 2021, o gasto quase dobrou.
 
Em outubro do ano passado ele virou o mês com saldo negativo e precisou repassar o aumento da alta do gás para os clientes.
 
Maria Lenice, 42, dona de um delivery de marmitas em Leme, interior de São Paulo, também teve que fazer adaptações nos negócios. Ela disse que não não repassou o preço para as quentinhas para não perder clientes, mas a margem de lucros diminuiu bastante.
 
Como segurou os preços, o número de clientes até aumentou, mas eles precisaram deixar de vender marmitas à noite, quando a demanda é menor.
 
Os comerciantes também observaram a influência do preço do gás nos gastos domésticos. A saída encontrada por Luiz foi procurar promoções no supermercado para equilibrar o orçamento. “Se você conseguir economizar R$ 60 em uma compra isso já ajuda a cobrir o aumento do gás”.
 
Segundo a economista da FGV, é difícil precisar o que acontecerá nos próximos meses. O cenário internacional é de deflação e se essa tendência permanecer, o preço do gás no Brasil também tende a diminuir.
 
Ela diz que, no cenário nacional, não há muito o que possa ser feito a curto prazo. Nos últimos meses, tanto o governo federal quanto os governos estaduais anunciaram redução das alíquotas do ICMS para combustíveis, mas o início do período eleitoral impede novas reduções.
 
Aguiar dá dicas de como economizar utilizando o fogão a gás:
Dê preferência para a panela de pressão, que cozinha os alimentos mais rapidamente do que a panela convencional
Quando utilizar o forno, evite abrir a porta para conferir o alimento
Planeje as refeições – cozinhar apenas uma vez para alguns dias pode reduzir consideravelmente o gasto com gás
Mantenha o fogão limpo: quando as bocas do aparelho estão entupidas ou engorduradas, o tempo necessário para cozinhar o alimento aumenta e isso pode interferir nas despesas com gás – chamas amarelas ou alaranjadas podem indicar que seu fogão está precisando de manutenção
 
Impacto no bolso dos mais pobres
Para a economista, os pobres são os mais afetados por esse aumento. Em alguns estados, o valor do botijão de gás equivale a 10% do salário mínimo, o maior percentual desde 2007, afirma.
 
Um estudo divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo em abril mostrou que o gás consome até 22% do orçamento de serviços básicos dos mais pobres, enquanto para os mais ricos, esse valor é de 13%.
 
Desde o início do ano, o governo paga o Vale Gás para famílias mais pobres. Em agosto, o valor é de R$ 110.
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