25/04/2022 às 16h16min - Atualizada em 25/04/2022 às 16h16min

Nestlé ignora petição com mais de 100 mil assinaturas pedindo fim de abusos a bezerros na produção de leite

Carta foi protocolada no dia 13 de abril na sede da empresa, após ação de rua pacífica pedindo para que a Nestlé se comprometa a não usar leite proveniente de fazendas que matam bezerros ilegalmente.

Redação

Doze dias depois da ONG internacional Sinergia Animal protocolar uma carta e uma petição (www.change.org/NestleBrasilcom mais de 100 mil assinaturas na sede da Nestlé, a empresa segue sem proibir publicamente o uso de leite proveniente de fazendas que matam bezerros de forma ilegal.

 

“Como qualquer mamífero, as vacas precisam ter filhotes para dar leite, e por isso são constantemente inseminadas. Se o filhote que nasce é fêmea, ela seguirá os passos da mãe. Os machos, no entanto, como não dão leite são considerados descartáveis pela indústria”, explica Taís Toledo, gerente de relações corporativas da Sinergia Animal.

 

Estudos apontam que, em alguns lugares do Brasil, em pelo menos 35% das fazendas de leite todos os bezerros machos são mortos depois do nascimento. Os métodos mais utilizados são traumatismo craniano por pauladas na cabeça (80%), sangramento e asfixia (20%). “Além disso, filhotes são frequentemente mutilados e castrados sem nenhuma anestesia e mantidos confinados em gaiolas minúsculas ou amarrados em cordas, sem poder se mover e se socializar livremente com outros animais, por meses”, lembra Toledo.

 

A Sinergia Animal pede também que a Nestlé não aceite que seus fornecedores usem antibióticos de maneira indiscriminada. “Na indústria leiteira, é muito comum que os animais recebam antibióticos mesmo sem estarem doentes, como forma de prevenção e não de tratamento. Esse método pode resultar no surgimento de bactérias super resistentes, que podem contaminar o meio ambiente, a carne dos animais e chegar aos humanos. Isso contribuiu para um grande problema de saúde pública”, afirma Toledo. Atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde, bactérias super resistentes matam 700 mil pessoas a cada ano e podem matar até 10 milhões de pessoas anualmente até 2050.

 

Ação de rua pacífica marcou semana da Páscoa

Na tarde da última quarta-feira (13), um grupo de ativistas por direitos animais realizou uma manifestação pacífica em frente à sede da Nestlé, na Avenida das Nações Unidas, em São Paulo, para pedir que a empresa adote políticas transparentes de bem-estar animal em sua rede de fornecedores.

 

Às vésperas da Páscoa, o grupo carregava um ovo de páscoa “ensanguentado”, de aproximadamente 1,70m de altura, e exibia uma faixa que pedia: “Nestlé, proíba a matança de bezerros”.

 

“Páscoa é a época em que comemos mais chocolate, mas é raro pararmos para pensar sobre a origem dos ingredientes dos ovos, como o leite. Por isso, decidimos conscientizar a sociedade sobre o fato de que é muito comum que bezerros machos sejam ‘descartados’ na indústria láctea por não serem lucrativos. Isso significa que eles são mortos ilegalmente logo após seu nascimento, de formas horríveis”, explica Taís Toledo, gerente de relações corporativas da Sinergia Animal.

 

Uma pesquisa realizada pelo DataFolha, a pedido da ONG Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, vem ao encontro da alegação dos ativistas. Ela revelou que quase nove entre cada dez brasileiros se preocupam com o sofrimento dos animais nas fazendas e comprariam em outro lugar se soubessem que o estabelecimento vende produtos de fazenda onde o animal é submetido a sofrimento. “Quando os consumidores brasileiros se tornam conscientes, eles se posicionam contra essas práticas”, adiciona Toledo.

 


O protesto direcionado à Nestlé faz parte de uma série de atividades realizadas ao longo da semana para chamar a atenção da empresa e de seus consumidores. Em uma delas, ativistas mascarados de coelhos exibiram o ovo gigante em diferentes pontos da cidade, como o MASP, na Avenida Paulista, e em frente à estação de metrô Faria Lima, no Largo da Batata.
 
Para apoiar a campanha, acesse www.change.org/NestleBrasil.
 


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