12/04/2022 às 09h49min - Atualizada em 12/04/2022 às 09h49min

Bolsonaro incentiva a corrupção ao negar que ela existe e ao afrouxar as regras de controle, diz pesquisador da FGV

“O que temos é o varejo. O varejo se impõe porque a corrupção do governo Bolsonaro é a corrupção do peculato, da rachadinha”, diz Marcos Fernandes Gonçalves da Silva.

Redação
O economista Marcos Fernandes Gonçalves da Silva, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP) e pesquisador do FGV/Ethics, afirma que Jair Bolsonaro (PL) incentiva a prática da corrupção no país ao negar que ela exista em seu governo, além de permitir o afrouxamento das regras de controle e promover o aparelhamento das instituições.
 
“O que temos é o varejo. O varejo se impõe porque a corrupção do governo Bolsonaro é a corrupção do peculato, da rachadinha. A gente sabe que ela é uma prática disseminada pelo País; é a cultura do pequeno roubo, na medida em que se tem acesso limitado à máquina pública. Há ainda outro ponto: no presidencialismo de coalizão, com hiperfragmentação partidária, o governo que não tem agenda vira refém da corrupção do varejo. É o que ocorre no Ministério da Educação. Os atores que estão de trás são os da velha guarda do Centrão, disse Fernandes ao jornal O Estado de S. Paulo.
 
Ainda segundo ele, Bolsonaro “cria um incentivo para que ocorra corrupção ao negá-la. Isso porque o corruptor e o corrupto vão saber que o presidente vai negar que existe corrupção no governo. Cria incentivo”. “Quando fala que não há corrupção no governo, isso cria incentivo para que ocorra corrupção, porque não há incentivos dentro do próprio governo para investigar em ano eleitoral”, completou.
 
O especialista observa, ainda, que “a  CGU [Controladoria-Geral da União] está aparelhada, não existe mais na prática. Assim como a Polícia Federal. Retiraram-se poderes do Coaf. No passado não tivemos essa instrumentalização da máquina pública como hoje”. “Se você dá autonomia e incentiva a inovação tecnológica, o ambiente muda. É preciso ter um plano de fato de combate à corrupção, que fuja do moralismo de um lado e, do outro, do populismo. Ambos não combatem a corrupção”, ressaltou.
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