05/04/2022 às 09h36min - Atualizada em 05/04/2022 às 09h36min

Classe média tem diminuição de renda durante o primeiro ano de pandemia

Pesquisa aponta retração nas classes superiores, com diminuição da classe média alta em 17% e da classe média em 13%. Na classe média alta, a participação de 8,5% em 2020 é a mais baixa desde 2012.

Redação
A PNAD Anual de 2020 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada pelo IBGE apontou que houve uma retração econômica nas três camadas da classe média brasileira. Ou seja, as camadas superiores perderam poder econômico e caíram de posição. A avaliação do cenário é fruto do recente estudo realizado pelo economista Waldir Quadros, professor da FACAMP e associado do IE/UNICAMP, sobre as principais retrações sócio-econômicas no primeiro ano da pandemia- e que desmembra os dados da última PNAD, divulgada este ano.
 
A alta classe média, segundo Quadros, teve um rebaixamento impactante, caiu em 3,8 milhões de pessoas (menos 17%) e a classe média outros 4,8 milhões (menos 13%). Na classe média alta, a participação de 8,5% em 2020 é a mais baixa desde 2012 - quando se iniciou a série da PNAD Anual. "Na classe média a porcentagem é apenas ligeiramente superior à da crise de 2013, em que também ocorreu sério movimento descendente na estrutura social", explica.
 
Além de perderem posições sociais, as famílias que estavam na alta classe média e caíram para a média passaram de uma renda de R$ 16.974 em 2019, para R$ 6.572 em 2020. Já quem caiu da média classe para a baixa passou de R$ 6.390 em 2019 para R$ 3.460 em 2020.
 
A maior participação da baixa classe média (pobres intermediários) e da massa trabalhadora (pobres) reflete justamente a queda ocorrida nas camadas superiores, com uma parcela caindo para posições inferiores. “Nesse movimento, a baixa classe média de pobres intermediários cresceu em 8,1 milhões de pessoas. Uma rápida descrição da forte mobilidade descendente”, descreve o professor.
 
Outro dado apontado é que a renda média familiar de todas as camadas sociais teve uma expressiva queda na média geral de R$ 586, equivalente a menos 11% do valor de 2019.
 

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL BRASIL (em %)



 

 ANOS

Alta Classe Média

Média Classe Média

Baixa Classe Média

Massa Trabalhadora

Miseráveis

TOTAL

2012

9,9

16,2

42,1

24,7

7,1

100

2013

9,5

14,6

44,0

25

6,9

100

2014

10,4

15,3

45,2

23

6,1

100

2015

9,9

16,1

44,0

23,4

6,7

100

2016

9,3

15,7

40,9

25,8

8,3

100

2017

9,2

16,6

40,9

24,4

8,9

100

2018

10

16,9

40,1

24

9

100

2019

10,4

17,4

40,1

23,2

8,9

100

2020

8,5

15,0

43,6

24,8

8,1

100

Fonte: IBGE, PNAD Contínua Anual      
 
Estrutura Ocupacional
Outro dado interessante da pesquisa e avaliado pelo professor é a Estrutura Ocupacional, que apresenta a situação na ocupação do membro que tem a melhor remuneração, dentro daquela família. A maior queda aconteceu no grupo “Sem Ocupação com Renda”, que são as pessoas com rendimentos de aposentadoria, aplicações financeiras, participações nos lucros, aluguéis etc. O grupo perdeu 1,1 milhão de pessoas, equivalente a 34% do seu número em 2019.
 
Em seguida temos os “Colarinhos Brancos” Assalariados, que também tiveram um recuo de 1,1 milhão (menos 9,5%), os Trabalhadores Autônomos com menos 460 mil pessoas (menos 46%), os Pequenos e Médios Empresários com diminuição de 410 mil (menos 12%) e os “Colarinhos Brancos” Autônomos, menos 360 mil (menos 25%).
 
“Se são impressionantes estes impactos nas famílias de classe média que perderam posição social, não é preciso insistir, além do que é visível na realidade cotidiana, na verdadeira hecatombe que ocorreu entre as camadas populares”, reflete professor Waldir Quadros. “O rebaixamento da classe média repercute na expansão das camadas populares, com o agravamento das precariedades e carências que conformam nossa crise social”.
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